9 de mar. de 2009

Suavíssima

Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .No céu de outono, anda um langor final de plumaQue se desfaz por entre os dedos, vagamente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma . . .
Fica-se longe, quase morta, como ausente . . .Sem ter certeza de ninguém . . . de coisa alguma . . .Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,
De um mal sem dor, que se não saiba nem resuma . . .E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . . A alma das flores, suave e tácita, perfuma. A solitude nebulosa e irreal do ambiente . . .
Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .Tão para lá! . . . No fim da tarde . . . além da bruma . . .
E silenciosos, como alguém que se acostumaA caminhar sobre penumbras, mansamente,Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma . . .
Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma . . .E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .

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